quarta-feira, 13 de maio de 2009

(RESENHA) A MISÉRIA DO JORNALISMO BRASILEIRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Língua Portuguesa III
Prof. Antônio Carlos Xavier
Flávia Bruna Ribeiro da Silva Braga

05.05.09

SILVA, Juremir Machado da. A miséria do jornalismo brasileiro: as (in)certezas da mídia. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 155p.

RESENHA: ENTRE O APEDREJAMENTO E A LOUVAÇÃO: A ESTRANHEZA.

Folha de São Paulo, Zero Hora, Veríssimo, Chico Buarque. Em outra ocasião a relação entre esses dois veículos da mídia e os dois escritores não faria qualquer sentido. Mas não para o jornalista gaúcho, que se liga ferrenhamente a mídia sulista para desenvolver seus argumentos sobre o jornalismo no Brasil.
O autor não usa de eufemismos para atacar todos os lados da profissão. Os esquerdistas “ilustrados”, os “idiotas tecnológicos”, os bons seguidores das doutrinas midiáticas, a esfera jornalista parece se resumir a um tripé fraco, sem aberturas para a criação, a liberdade e a originalidade.
Convenhamos, o escritor incomoda pela verdade. Apesar de usar de exemplos da própria vida profissional e generalizar o jornalismo de um país inteiro a uma única região (obviamente, aquela em que reside), muitos dos argumentos utilizados por Machado podem (e devem) ser relevados. A serviço do mercado, as reportagens vinculadas aos jornais, revistas e na televisão necessitam agradar quem as recebem. Dominado pelo futebol, o Brasil tem em seu jornalismo muitas vezes um mecanismo de entretenimento, senão futebolístico, ligado as vidas das celebridades, da cultura de massa. No livro, além da crítica ao público, o autor “cutuca” a interferência pelos interesses dos poderosos nas reportagens. O veículo de direita deve servir aos ideais neoliberais latentes do então governo de FHC, o de esquerda deve criticar o sistema e criar ícones que aparentemente fogem as regras, como Chico Buarque, compositor-alvo de Juremir. A obra intriga-nos por mostrar que até mesmo aqueles considerados “revoltados” com toda a sujeira do jornalismo canalha, nada mais são que utópicos seguidores de outra sujeira: a ditadura da ideologia que quer calar os opositores. Quem quer liberdade de expressão e mexer com o sistema ou com os seus “intocáveis” será conduzido indubitavelmente ao ostracismo. Pensamento esse que resume o alerta dado pelo autor.
Apesar do “soco” levado, é preciso lembrar que o jornalismo no Brasil é muito mais complexo que um sistema de mercado ou a subserviência da maioria. Parcial, subjetivo demais, com uma dose de hipocrisia, Machado incomoda em muitas das passagens do livro por ferir o ego de quem lê. A radiografia de uma mídia podre em sua maioria, por ligar-se demais ao rentável e pouquíssimo ao conteúdo (ainda que subjetivo), onde a assinatura vale mais que a informação. A solução? Juremir afirma que a reforma no pensamento é o melhor caminho. Utópico ou visionário? Veremos.

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